O pastorado não é só uma função administrativa,
ou uma escolha eclesiástico dependendo da tradição de cada denominação, mas uma
vocação. Está sobre ele a responsabilidade de cuidar de forma precisa do corpo
de Cristo, isso requer dedicação, entrega proveniente da renúncia. As metas no
aconselhamento variam de acordo com cada aconselhado. Paul Holf em seu livro “O
pastor como conselheiro” ele descreve algumas metas de forma resumida, eu
destaco:
1- Diminuir
as emoções destrutivas, tais como a ansiedade, hostilidade, ira ou angustia; 2- Fazer
com que o aconselhado se conscientize de seu problema e utilize os seus
próprios recursos com ajuda do conselheiro para enfrentar o problema; 3- Ajudar
o aconselhado a desenvolver uma perspectiva realista das coisas. Não
fantasiando uma situação que não está acontecendo de fato. Enfrentando as
desilusões na vida e aprendendo baseado no que já viveu a tomar as decisões sem
precipitações.
Dentre as metas que escolhi do livro de Paul
Holf, eu fico essa definição; “Ajudar o aconselhado a desenvolver uma
perspectiva realista das coisas”. Essa ajuda não envolve apenas conhecimento
teológica, mas um conhecimento integrativo em relação ao desenvolvimento
humano, da psique e das suas fazes, que são cíclicas. O ser humano está sujeito
as crises. Agora saber lidar é essencial para o conselheiro. O conselheiro
precisa entender a dinâmica da crise (SANTOS. 2008, pg.143). Para Howard W.
Stone crise é um “tempo crucial”, um “momento de virada” no decorrer de um processo.
A crise, dito de outra forma, é uma reação interna, de natureza emocional, a
uma circunstância externa que ameaça a pessoa (SANTOS. 2008, pg.144). De acordo
com H. Stone as fases de uma crise podem ser quatro. A primeira é o evento
precipitador ou o estímulo externo que desencadeia o processo (exame médico
acusando uma doença incurável ou grave, por exemplo). A segunda fase da crise
procede da avaliação do que este evento pode significar para a pessoa evolvida
(percepção do evento como ameaça). A terceira fase é o momento em que a pessoa
faz um levantamento dos recursos que tem à disposição para enfrentar a crise
(finanças, amigos, etc.). A quarta fase é o desencadeamento da crise, ou seja,
depois de uma avaliação da gravidade, a pessoa chegará a conclusão se pode ou
não enfrentar a situação.
Diante desse quadro de crises é que entra a
importância do aconselhamento pastoral. No entanto, em que consiste o conselho
pastoral? Para que serve? De que forma é realizado? Em palavras de Hugor
Santos: “O papel do conselheiro consiste em ajudar a pessoa a recuperar os
fragmentos de esperança que ainda existem no recôndito de sua alma, e dos quais
ela talvez não tenha consciência, visando juntá-los como brasas dispersas em
meio às cinzas, e assim, reacender a chama da vida”. Quanto mais experiente o
pastor, mas sucesso terá nesse papel de mentor, de aconselhamento. O que nos
habilita falar de dor, é a ter vivenciado dor. A dor muda nossas configurações
internas, seja qual for a direção, ela nos muda. No aconselhamento pastoral
deve ficar claro que a pessoa em crise deve assumir sua parcela de
responsabilidade na solução do problema. O pastor não resolverá a questão, por
isso deve motivar a pessoa a isso, ou seja, deve ser um provocador.
Uma
formação em psicanalise irá lhe fornecer fermentas para ajuda no processo de
alto compressão. Jung fala sobre esse momento do desenvolvimento da psiquê
humana, processo de individuação. Todo conhecimento teológico e acadêmico do
pastor não será valido, se esse não for vocacionado ao cargo em
questão. O bom pastor é acima de tudo compromissado com seu
despertar espiritual e intelectual. O aconselhamento é um meio de ajuda para o
exercício do desenvolvimento do caráter e de pessoas que precisam de amparo
para alcançar mente e hábitos sadios.
Uma coisa que notei no atendimento pastoral é, o
conselheiro precisa estar atento para o fato de muitas pessoas o procurarão
buscando confirmação de suas atitudes, e querendo apenas apoio e compreensão.
Nem sempre desejarão mexer na causa fundamental do problema, na raiz. O
conselheiro deve ser compreensivo, mas nunca conivente com o erro, como
aconselhador deve provocar a pratica da boa fé e consciência. A terapia
cognitiva comportamental é uma ótima ferramental para o pastor no
aconselhamento. Ela surgiu com o objetivo de corrigir os pensamentos
distorcidos e aliviar os sintomas depressivos. Segundo Beck: “É um processo
cooperativo de investigação empírica, testagem da realidade e resolução de
problemas entre o terapeuta e o paciente”. Nas últimas décadas a terapia
cognitivo comportamental – TCC tem tido um impacto enorme sob o campo da saúde
mental, devido sua eficácia na compreensão e no tratamento de uma extensão de
distúrbios emocionais e comportamentais.
A terapia cognitiva comportamental é indicada
quando seus pensamentos automáticos são sempre negativos, desencadeando uma
série de fatores como: TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), Ansiedade
generalizada, Transtorno de pânico, Ansiedade Social, Transtornos alimentares,
Transtornos de personalidade, Transtorno bipolar. Na corrente comportamental,
encontramos Bijou (1966) afirmando ser "o objetivo final do aconselhamento
ajudar o cliente a lidar mais eficazmente com seu meio e a substituir o
comportamento mal ajustado pelo ajustado". "Parece claro, do ponto de
vista da análise experimental do comportamento, que uma das mais eficientes
formas de produzir as alterações desejáveis é pela modificação direta das
circunstâncias que as suportam, e um dos meios mais efetivos de manter essas
alterações é organizar um meio que continue a suportá-las". Nesse ponto se
encaixa o pastor de forma precisa e pontual. É preciso que o pastor esteja
familiarizado com esses estudos. Por experiência própria se eu tivesse o
preparado que tenho hoje, teria exercido com mais excelência meu ministério
quando comecei a 14 anos atrás.
Por fim o pastor precisa estar ciente o porquê
do preparo continuo. Estar ciente que na área do aconselhamento, orientar está
mais para o verbo transitivo direto; mostrar a direção; dirigir, guiar,
encaminhar, nortear: orientar alguém na direção certa. No aconselhamento o
objetivo é que o indivíduo se torne um membro mais feliz e produtivo na
sociedade. O intuito é de ajudar o indivíduo a adquirir novas habilidades que o
capacitem a enfrentar, e ajustar-se, às situações do seu quotidiano. Aqui, o
foco central é ajudar o indivíduo a alcançar seu potencial máximo e a funcionar
plenamente como pessoa. Assim, no aconselhamento, partimos de uma personalidade
já estruturada, mas que apenas necessita de alguns ajustes.
O aconselhamento
visa, com isto, ajudar indivíduos a superar obstáculos no seu crescimento
pessoal e a alcançar o máximo rendimento dos seus recursos pessoais. Quanto
mais dedicação e amor o pastor for capaz, mais êxito terá em sua caminhada
espiritual. Ele deve estar apto a divagar sobre tudo que for atual e pertinente
ao desenvolvimento humano com base nos evangelhos, a palavra de Deus revelada.
Isso lhe hábil no exercício pastoral.
Cezar Camargo
Teólogo, Palestrante,
Coach, Consultor T&D, Assessoria & Mentoria Pessoal, Formando em
Psicanálise. Atualmente atua como Coach Life e Mentor de vida Pessoal na
D’Camargo Consulting desde 2015.
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