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A CURA DAS PSICOPATOLOGIAS

Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir. Há um grave mal que vi debaixo do sol, e atrai enfermidades. (Eclesiastes 5:12-14)

Entende-se que o modo de adoecer de um indivíduo provavelmente está diretamente ligado ao modo de viver deste dentro e fora do ambiente de trabalho, sendo que este contém vários elementos que pode ser a razão para o sofrimento. Segundo Dalgalarrondo (2008), a psicopatologia é um campo de conhecimento que se refere ao adoecimento psíquico do ser humano, o que se denomina historicamente doença ou transtorno mental. Para alguns teóricos, o trabalho é o fundamento da vida humana e da sociedade. O pregador aborda bem essa questão em seu livro como citado acima. O trabalhador tem paz em sua porção diária, mas os ricos andam ansiosos e mal descansam, suas mentes estão aceleradas na ânsia de possuir mais, isso lhes trazem enfermidades.  

Entretanto Engels (1982) afirma que o trabalho criou o próprio homem e que o desenvolvimento deste contribuiu significativamente para que o homem consolidasse seus laços sociais. Sendo também o trabalho a base da teoria marxista, Marx (1968) descreve que o homem passa a se diferenciar dos demais animais logo que passa a produzir sua própria vida material, determinando, dessa forma, seus vínculos sociais e políticos. Segundo Dejours (1992), o sofrimento no trabalho tem origem na mecanização e robotização das tarefas, mas, principalmente nas pressões e imposições da organização. Isso porque existe um sistema operando, a roda de remistes precisa ser alimentada, as riquezas deste mundo dita as direções, somente o equilíbrio nos permite sensatez. Precisamos entender que há um tempo determinado para cada coisa debaixo do céu, já dizia o pregador. Não há nada de errado em ser prospero, o erro está em viver em prol da riqueza. Ela deve nos servir e não ao contrário. Bom! Na visão dejouriana, o trabalho contém vários elementos que influenciam a concepção que o trabalhador tem de sua própria representação, que pode ser a razão para o sofrimento, e este, por sua vez, é capaz de desestabilizar a identidade, conduzindo para problemas psíquicos. Dentre as psicopatologias relacionadas ao trabalho destacam-se como principais os Transtornos de Estresse, Síndrome de Burnout, Síndrome do Pânico, entre outros. No campo laboral, o estresse é um dos principais desencadeadores de sofrimento. Acredito que é dever de todo empregador que pressa por seus colaboradores, estar atentos aos sinais de estresse.

A Síndrome de Burnout caracteriza-se pelo esgotamento físico e emocional, insatisfação pessoal, passando a pessoa a apresentar comportamento agressivo e irritadiço (PEREIRA, 2002). O Transtorno de Estresse Pós-Traumático e o Transtorno de Estresse Agudo vão se caracterizar pela presença de um estressor externo, como a exposição ou vivência de episódio traumático (FRANÇA, 1996). A Síndrome do Pânico, por sua vez, é um transtorno de ansiedade e diferencia-se das demais condições mentais pelos ataques inesperados e recorrentes, com crises acompanhadas de alguns sintomas específicos como medo, desconforto no peito, despersonalização, sensação de falta de ar, entre outros (SCARPATO, 2001). Partindo desse estudo o evangelho nos adverte incisivamente, não pergunteis, pois, que haveis de comer, ou que haveis de beber, e não andeis inquietos. Porque as nações do mundo buscam todas essas coisas; mas vosso Pai sabe que precisais delas. Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Lucas 12:29-31). Quando há consciência espiritual entendemos e discernimos a existência a partir das diretrizes segundo Jesus. Nele todos as enfermidades deste tempo o poder sobre todo aquele nascido de novo.  

A base da teoria Dejouriana (1992), entende-se que o sofrimento patogênico do indivíduo surge quando a organização do trabalho entra em conflito com os desejos do sujeito, ou seja, com o funcionamento psíquico deste.  Nesse ponto temos a psicodinâmica do trabalho é uma abordagem científica, desenvolvida na França na década de 1980 pelo psicanalista Christophe Dejours, que investiga os mecanismos de defesa dos trabalhadores frente às situações causadoras de sofrimento decorrentes da organização do trabalho.

É preciso aplicar-se a desenvolver a vida pessoal tanto quanto a profissional, crescer em todas as direções dá sustentabilidade vivencial, as questões da vida pessoal não podem interferir no trabalho, bem como as questões do trabalho não podem interferir na vida pessoal, para tanto é correto afirmar que o ser humano é um todo indivisível. Segundo o manual de “Doenças Relacionadas ao Trabalho”, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), tratando-se dos transtornos mentais e do comportamento relacionados a este, o trabalho é mediador de integração social, tanto pelo seu valor econômico, quanto pelo seu valor simbólico e cultural. Assim o trabalho não é apenas uma atividade; ele é, também, uma forma de relação social, e no exercício da sociabilidade amadurecemos como parte desse todo, ainda que possamos medir nossa importância, de fato temos nossa parte de contribuição direta e indiretamente.

Trabalhar é engajar sua subjetividade num mundo hierarquizado, ordenado e coercitivo, perpassado pela luta para a dominação (DEJOURS, 2008, p. 27). Dejours (1992) discute um novo conceito de saúde e considera três elementos fundamentais para a saúde do trabalhador. Sendo a fisiologia, ou seja, o funcionamento do corpo (análise do funcionamento do organismo, as regras que asseguram seu equilíbrio e sua sobrevivência), a psicossomática (relações que existem entre o que se passa na cabeça das pessoas e o funcionamento de seus corpos) e por fim, a psicopatologia do trabalho (adoecimento psíquico do ser humano, o que se denomina historicamente doença ou transtorno mental). Sendo assim, a angústia frente aos problemas transforma-se em fuga, fazendo com que o trabalhador se distancie da coletividade social e siga em direção à decadência, como alcoolismo, violência e, consequentemente, o desprezo das pessoas e a depressão. Enfim, procuram saídas que podem levar ao risco de morte (DEJOURS, 1992). Para Dejours (1992), a insistência do ser humano em viver em um ambiente adverso é uma das principais consequências do sofrimento no trabalho. Em Jesus não há fuga, mas ousadia e fé para viver cada dia segundo suas implicações. A cura começa no entendimento de quem sou e para onde estou indo.

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus 11:28-30)

O Ministério da Saúde (BRASIL, 2001) reconhece uma série de transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho, como por exemplo, delírio, transtornos cognitivos, estresse pós-traumático, neurose profissional, transtorno de vigília-sono, síndrome do esgotamento profissional (burnout), síndrome do pânico e alcoolismo crônico. Porém, estudos sobre psicopatologia do trabalho mostram que o sofrimento no trabalho repercute não só na vida psíquica, ocorrendo assim uma desestruturação na saúde em todos os seus aspectos, como a doença mental e a doença somática. Portanto, o adoecimento dos profissionais depende da estrutura psíquica e mental do sujeito e da capacidade deste para suportar as pressões do trabalho. Este sofrimento é agravado pela insatisfação, medo e sentimento de incapacidade e inutilidade. O convite de Jesus continua de pé. Toda fuga, frustrações e medos são consequências do vazio existencial. Quando estamos doentes procuramos um médico, mas também deveríamos procurar alguém para dizer como anda nossa mente, as enfermadas são somatização da daquilo que a mente ainda não discerniu.  

Quando Freud escreve o livro Psicopatologia da vida cotidiana seu principal interesse não é a análise das estruturas psicopatológicas. Seu interesse é, antes, demonstrar como o inconsciente se expressa no cotidiano. Sua intenção, ainda, é demonstrar que a psicanálise não se limita ao estudo da anormalidade. O adoecimento no trabalho deve ser avaliado no contexto em que acontece, bem como deve ser pensado no sujeito que sofre, pois, o sofrimento psíquico é anônimo e suportado individualmente.

Porque todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é aflição; até de noite não descansa o seu coração; também isto é vaidade. (Eclesiastes de Salomão)

Segundo a definição da bíblia de Jerusalém, o principal tema do livro é a vaidade das coisas humanas, dando a lição de desapego dos bens terrestres. Sim! Mas a questão não é os bens em si, sim o apego. Uma das definições do apego é a dedicação constante e excessiva a (algo). A vaidade leva a uma busca sem precedentes, onde o fim é o que interessa, e o meio é o que menos importa. E aí que mora, manifesta a ganância, a ambição desvirtuada. As dores são resultadas de más escolhas, de nossas buscas sem sentido, dos impulsos incompreendidos. É justamente nesse caminho que se desenvolve as psicopatologias. É preciso retornar ao real significado, porque estamos aqui? Essa é a pergunta que cada um deve fazer na sua intimidade. Assim que nos compreendemos e aprendemos a lidar com nossos pontos fortes e fracos. Toda projeção deve pisar o chão da existência, da realidade. A fé conecta com o divino, o creador de todas as coisas. A boa espiritualidade é a relação intima entre o Pai e o filho. Em verdade é preciso enxergar bem o caminho, é no caminho que se faz o caminho. E neste caminho que se vive. Seja estabelecido a ordem em sua consciência hoje. Seja curado! 

Que Deus em amor nos cure dia após dia, de todas as doenças, que nosso caminho seja na verdade pela verdade em justiça e paz. Que o nosso caminho seja em tudo de lucidez, coerente e firmado no dogma central, o amor. 

Cezar Camargo
Verão – Fevereiro/2018

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