“Havendo
Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, A quem constituiu
herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo”. (Hebreus
1:1, 2)
Segundo Champlin a expressão “últimos dias” se refere aos dias que
Cristo foi revelado e ministrou, pode até também estar incluso sua morte, ressurreição,
e ascensão. Ou então a “era do evangelho”.
A revelação de Deus no filho tem por fim revelar ao homem a graça
transformadora em si. Penso que o ato de Deus em se humanizar no filho e dar o
filho a morrer é demonstrar que seu amor transcende todo entendimento seja qual
for a época. O Divino assume a forma no barro, para que ele na matéria vencesse
a morte, o ultimo inimigo.
A graça foi manifesta, cumpre-se a
vontade eterna, a palavra dos antigos, mas atual. Esta por sua vez está disponível, podemos adquiri-la sem fazer reservas. Em cada criatura há um grau
místico recebido do creador. Uma percepção de perceber o Divino mesmo sem
compreender, este se revela em tudo em todo tempo, sendo que na maioria das
vezes nos detalhes mais singelos da existência humana. A capacidade intelectual
não pode matar a sensibilidade de perceber e sentir o Divino, pelo contrario ela valida o crer. Crer também é pensar! (Jonh Stott) A graça está em
todo canto, não vista pelos olhos da matéria, mas pelo sensor da alma e assim é sentida, experimentada e quando entendida é exemplificada na pratica diária da existência.
Uma boa estrutura de significados gera
bons costumes, este é um padrão que é estimulado desde antes, não raro há seres
desenvolvidos, com um alto grau de espiritualidade que não obstante em suas
formações não tiveram exemplos, mas providas do dom de Deus o Eterno desde
antes eram iluminados ao ponto de não se contaminarem com a maldade exposta
desde cedo. A iluminação não depende do espaço tempo, mas de reconexão, esta
reconexão e a materialização do dom, que em suma é, onde e quando ele assim o
quer. Sua graça é manifesta e está sendo desfrutada por todos quantos a
percebem.
A cruz é testemunha histórica do amor
revelado, a graça em essência de Deus aos homens por meio de Jesus, o Cristo. O
Cristo previsto já era assunto antes da fundação do tempo, antes que a
eternidade fosse conhecida, antes que a matéria era criada, antes o todo fosse
notado ele já era. De forma que o todo provém dele pela sua palavra: “Haja luz. E houve luz”. A graça em
miúdos é o favor imerecido de Deus em amor, em resgate do homem, coroa de sua
criação, transformou por ela todos em filhos, sem exceção, reconectou tudo. O
Adão caído foi redimido no menino, que quando ao seu tempo foi oferecido em
sacrifício, que antes se revela no Jordão “Emanuel
Deus conosco”. Neste ponto a graça pela ação do Divino limpa e restaura a
alma redirecionando a fonte em essência, onde todas as engrenagens da mente são
lubrificadas reequilibrando as estruturas do pensar e agir.
Assim o agir e o pensar são alinhados
aos princípios de Deus bem definidos nos evangelho de Cristo. Os princípios se
consistem na boa noticia que Deus em Cristo restaurou a conexão, e pela sua
inspiração instrui tantos outros a escrever e a falar dele. Na medida em que vamos crescendo
em graça no evangelho do Cristo ressuscitado, de glória em glória, a estatura de
varão perfeito, nos tornamos mais humanos. Então se compreende que as traduções podem deturpar a escrita,
jamais a essência da mensagem. Essa essência se possibilita quando Cristo se
instala, e partir de então na nova criatura, onde tudo o processo é reiniciado a vontade original.
A
mensagem é validada em nós quando exemplificamos em ações os fruto do
Espírito, a saber... “O amor, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”. (Gálatas
5:22) Uma vez que o homem animal, mas racional
é constrangido segundo o Espírito se evidencia a metanoia que leva a
metamorfose continua até a perfeita estatura. Ainda que nesse corpo perecível
seja possível de forma integral desfrutar a eternidade.
Em verdade a oração do
pai nosso se materializa quando entendemos a expressão: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no
céu. (Mateus 6:10) A graça manifesta habilita a criação a desenvolver a
salvação através da ação de Deus que em nós, passamos a reproduzir
as obras do Reino. No Reino da graça manifesta não há utopia, mas evidencia tangível
do amor, da paz, da justiça, misericórdia, compaixão, bondade. Não há
injustiça, mas ação de amor arrebatando tudo ao redor.
No caminho segundo Cristo a graça
alcança e restaura a ordem no caos, todo este processo se possibilita e
desdobra na medida em que desfruto uma espiritualidade saudável, não baseada em
tradições, dogmas, costumes e doutrinas, mas no simples e puro evangelho de amor.
É necessário ser Cristificado, ou seja, andar segundo Cristo, viver como
Cristo, é ser um com ele, para que ele seja através de nós. É preciso morrer
voluntariamente, diariamente, a entrega deve ser continua, para não haver
espaço para pulsões da carne. Nossa natureza caída só permanecera caída, se
esta matéria estiver totalmente rendida a Cristo. Assim ela não nos dominará, pois quem anda ano Espírito é livre.
Pense: O homem Cristificado, paradoxalmente, pode ser um ateu, e, no entanto,
apesar de ele descrer de Deus, pode viver exatamente como "deseja"
Deus!... (A.D) A graça em verdade é um escândalo. A essência central da graça é o amor, está por
sua vez fala em todo tempo, dar ouvido é uma escolha. A graça está manifesta, quem
tem ouvidos ouça, quem tem olhos perceba. Que os olhos e a consciência percebam o óbvio; Deus
em Cristo reconciliando o homem em amor. Amor este que ressignifica tudo.
Cezar Camargo
Inverno – Agosto/2015
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