“Sendo,
pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por meio do Senhor e Jesus
Cristo” (Rm: 05 01)
Um dos conteúdos mais significativos se
sintetiza na mensagem das boas novas, que é o conceito de paz segundo Jesus, o
Cristo. Na bíblia hebraica Shalom, é
amplo o sentido em nenhuma outra língua pode ser expressado com um só termo.
Originalmente Shalom é, “estar completo”, “estar são”, “estar bem
em todos os sentidos”, “ser prospero e feliz”. No sentido puro a paz
segundo Jesus é muitíssima mais que mera ausência de guerras e conflitos, é
estar reconectado a Deus, e estando ligado a Deus se pacifica através da
consciência de Cristo pelo Espírito que opera em nós a nova criatura. Ao cair
na graça, o start da consciência é automático, a justificação livra a criatura
da morte e transporta para o Reino da vida agora como filhos da luz, eleitos na
graça, coroa da criação, o processo redireciona ao estado original, perfeita
intimidade com o Pai das luzes.
O evangelho tem por missão nos fazer
cientes da obra redentora, que é assunto antes que alguma coisa tivesse forma. Os
acontecimentos históricos tão discutidos no que se refere a ao carpinteiro de
Belém, é apenas pedagogia primaria para fazer notório o amor de Deus. O ato em
si também é uma grande provação e estimulo a busca por sentidos e significados,
uma busca que só ressignificará se a viagem for de dentro para fora. A
pacificação começa quando me enxergo sem mascarás, encaro o monstro que sou e
reconheço minha miséria, não para condenação, mas para ciência da natureza que
opera instintivamente, é parte da nossa complexa psique, como já retratei em
outro texto sobre as pulsões.
A justificação só ressignifica a
existência quando a consciência a discerne, não me refiro a informação, mas a é
experiência, a experiência muda a forma de se relacionar, muda o olhar, muda
dentro. Uma vez que o interior passa a desfrutar da graça continua, ele se
pacifica para que os fruto do Espírito sejam gerados. Os frutos são ações
vivencias que valida o testemunho não retorica, a retorica é apenas parte da
performance, o evangelho é prática. Nesse processo é que discernimos o sentido
pleno da remissão, nos tornamos justos, não
por que merecemos mas porque estando nele a pedra fundamental somos feitos justos, conforme Paulo escreve no
capitulo primeiro de sua carta a igreja que estava em Roma. Só um coração
quebrantado se dobra a essa compreensão, não há outro meio para perceber, cair
em si, a não ser pelo quebrantar diário.
A pacificação é possível na medida que se
entende o andar em fé com bom senso, inteligência, logica e convicções bem
estruturas pautadas dentro de uma base sólida, tendo o evangelho segundo o
andar de Jesus em amor como parâmetro. O entendimento não é fruto de
conhecimento histórico, mas entrega, decisão consciente. O conhecimento histórico
não provoca mudança interior, apenas deixa informado, mas a experiência do
encontro transporta para graça que me mergulha no amor inatingível de Deus,
nele sou completamente abraçado, amado, valorizado, resgatado da minha perdição
interior, o poder dessa compreensão transforma o interior, restaura em fonte de
amor a todos quantos tem sede de amor, justiça e paz. Na medida que se caminha
em entendimento se descobre no evangelho exemplos em Jesus de como ele encarava
com os acontecimentos da vida, e principalmente nos deixa exemplos
misericordiosos de como devemos travar as coisas e as pessoas.
O evangelho pacifica! É a primeira na
minha modesta opinião, degrau da jornada para se desfrutar uma vida plena
segundo Jesus. O apostolo Paulo não organiza, mas me atrevo nesse entendimento
dizer, que paz é a porta paro os outros frutos. A paz desacelera, diminuí os
ruídos externos, a voz pode ser discernida entre as vozes. Uma vez em paz posso
com inteligência discernir o que amor segundo Jesus, gozo, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança e tantas outras caraterísticas
pertinentes ao andar segundo o evangelho. Ao escrever aos irmãos de Éfeso Paulo
declara: “Porque ele é a nossa paz,
derrubando a parede da separação”. Logo se entende que a primeira ação foi
nos reaproximar de Deus, para que também pacificados nos reaproximemos com
nossa humidade, nesse entendimento não há mais separação, nele todos são
religados, para viverem em comunhão plena no amor. Aos Colossenses Paulo
explanando sobre fé e amor, disse que a paz
foi feita pelo sangue da cruz, a cruz é pedagogicamente a melhor
manifestação de amor aos homens de boa vontade. Nesse ato fica oficializado
como registro histórico que o Divino reconcilia toda criação nele outra vez.
A reconciliação pacifica o interior de
forma tão extraordinária que a criatura outra vivia segundo seus instintos,
agora se dobra em rendição aos princípios conforme o evangelho lhe conscientiza
de como ir e vir, como agir, pensar, olhar, decidir, perdoar, amar, e
principalmente não está condicionado a métodos os processos, mas unicamente a
direção do Espírito. Essa direção é consequência da compressão do evangelho,
que de glória em glória vai nos direcionando em verdade e sinceridade.
Que Deus em Cristo pela consciência do
Espirito nos conduza em paz até o dia perfeito, segunda suas misericórdias em
amor.
Cezar Camargo
Outono – Março/2017
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