Em
verdade “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito
debaixo do céu”. (Eclesiastes de Salomão) Em “vaidade de vaidades, diz o
pregador, tudo é vaidade”. (Eclesiastes 12:8)
Tudo é impreciso, mutável, subjetivo,
passageiro. Estamos em constante busca do novo, e quando o alcançamos
recomeçamos a busca. Quase sempre essa busca é pela materialidade. Aqui tudo se
define pelo tempo e o espaço. Todo o tempo determinado se desenrola enquanto se
respira. Assim todo o propósito é desenrolado quando se decide ressignificar.
Logo estamos falando de subjetividade que é fruto de uma nova leitura dos
fatos. A questão é que o capitalismo está impregnado. O desenvolvimento do ser
já não é tão importante, agora a busca pelo ter, é a questão.
Mas recursos para ter o que bem desejar,
resolve? Se todos os dias são de dores! Sim! Dores inimagináveis! A alma bem o sabe.
Toda busca gera ansiedade, que gera expectativas que quase sempre transforma em
frustração. Por quê? Porque assim a vida se encarrega, até porque nas vaidades
estão os desencontros e nos desencontros a oportunidade de se encontrar. Quando
se encontra aprende-se a desacelerar, assim o provável é que deixará de ter
expectativas, pelo menos em excesso, pode-se viver um dia de cada vez.
Porque
todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é aflição; até de noite não
descansa o seu coração; também isto é vaidade. (Eclesiastes
de Salomão)
Segundo a definição da bíblia de
Jerusalém, o principal tema do livro é a vaidade das coisas humanas, dando a
lição de desapego dos bens terrestres. Sim! Mas a questão não é os bens em si,
sim o apego. Uma das definições do apego é a dedicação constante e excessiva a
(algo). A vaidade leva a uma busca sem precedentes, onde o fim é o que
interessa, e o meio é o que menos importa. E ai que mora, manifesta a ganância,
a ambição desvirtuada. As dores são resultados de más escolhas, de nossas
buscas sem sentido, dos impulsos incompreendidos. Precisamos retornar ao real
significado, porque estamos aqui? Essa é a pergunta que cada um deve fazer na
sua intimidade. Toda projeção deve pisar o chão da existência, da realidade.
Não se pode responsabilizar o outro pelos fracassos, nem transferir ao outro o
dever de lhe fazer feliz, esse caminho é dever de cada se encontrar nele. Lembre-se: "A vida não pode ser vivida projetando no outro algo que só cada um
na sua individualidade o sabe"
A felicidade é uma busca, uma
compreensão de cada um, é nas experiências individuais que cada um define suas
alegrias e tristezas. Sim! Tudo é vaidade, tudo passa, e passa que nem
percebemos, e quando percebemos, chegam-se os dias que a força não é mais a mesma,
só resta fadiga. É no olhar que a vida ressignifica, e uma vez que isso
acontece há uma explosão de novos sentidos, percepção que outrora era
impensável. Freud já dizia que a felicidade é um problema individual. Refletindo
sobre a felicidade, acredito que é encontrar um lugar onde nos faz bem, um
lugar onde a mente se sossega se acha se identifica, se equilibra. Mas é cada
um na sua individualidade que vai definir tais questões, quanto a mim, me
encontrei no dogma maior, o amor. E nesse amor ressignifiquei tudo e a todos,
não me sinto perfeito em qualquer que seja a questão, mas no amor me é
manifestado o quão miserável sou, e nesse amor vou amadurecendo.
Minha felicidade é fruto da minha experiência
pessoal e ressignificada no amor, é dentro e não fora. O amor me faz discernir
as vaidades e nelas identifico algumas necessárias, pois tudo vaidade é. E em
definindo procuro não me apegar a ilusões, me apego nas direções do amor, a
fonte de Deus que a cada passo me discerne, assim procuro reconhecer as
direções. Nietzsche disse que a essência da felicidade é não ter medo, mas o
medo faz parte do instituto de sobrevivência, é temor, ansiedade irracional ou
fundamentada. O medo sinaliza, indica, orienta quais direções tomar. Se a vida
é passageira o medo me permite redefinir as direções sempre que preciso. Logo a
felicidade tem haver com as experiências, com leituras que faço enquanto
caminho para definir. Por favor, amadureça, entenda a felicidade não está fora,
está dentro, o caminho está em você, tudo que precisa está em você. Lembre-se: A
vida é breve e única, viva agora, hoje! Seja feliz, ame e deixe ser amado.
De
tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, porque isto é o dever de todo o
homem. (Eclesiastes de Salomão)
Cezar Camargo
Verão – Fevereiro/2017
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