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CONJUGALIDADE: CIÚMES


O amor não arde em ciúme” (I Coríntios 13:4-ARA) O amor sadio, equilibrado, curado, não alimenta este e nem adquire. Pelo contrario é blindado pelo bom senso e equilíbrio emocional. Na plenitude do Amor dois fatores não podem existir, Paulo teólogo do inicio da era crista declara; “o Amor não arde em ciúmes”, “não se suspeita o mal”, são ingredientes para viver bem. De acordo com os psicólogos israelenses Ayala Pines e Elliot Aronson, ciúme é "a reação complexa a uma ameaça perceptível a uma relação valiosa ou à sua qualidade." Provoca o temor da perda e envolve sempre três ou mais pessoas, a pessoa que sente ciúmes - sujeito ativo do ciúme -, a pessoa de quem se sente ciúmes - sujeito analítico do ciúme - e a terceira ou terceiras pessoas que são o motivo dos ciúmes - o que faz criar tumulto.

Segundo a psicóloga clínica Maria Grazia Marini, esse sentimento apresenta caráter instintivo e natural, sendo também marcada pelo medo, real ou irreal, vergonha de se perder o amor da pessoa amada. Está relacionado com a falta de confiança no outro e/ou em si próprio e, quando é exagerado, pode tornar-se patológico e transformar-se em uma obsessão, mais adiante falarei mais. Segundo estudos a explicação da psicológica do ciúme pode ser uma persistência de mecanismos psicológicos infantis, como o apego aos pais que aparece por volta do primeiro ano de vida ou como consequência do Complexo de Édipo não resolvido; entre os quatro e seis anos de idade, a criança se identifica com o progenitor do mesmo sexo e simultaneamente tem ciúmes dele pela atração que ele exerce sobre o outro membro do casal; já na idade adulta, essas frustrações podem reaparecer sob a forma de uma possessividade em relação ao parceiro.

Porém várias teorias criticam a visão psicanalítica tradicional, por exemplo: esquizoanálise; Vem do germânico skhízein (esquizo) que significa fender, dividido, dual, dualidade, e análise, que significa a divisão do todo em partes, exame de cada parte de um todo, processo filosófico por meio das relações entre os efeitos e as causas, o particular e o geral, o simples e o composto. A esquizoanálise também se preocupa com os sujeitos, os grupos e as instituições, na sua composição com o mundo.

Outros casos mais leves podem ser tratados através da ajuda do parceiro, estabelecendo-se um diálogo franco e aberto de encontro, com a reflexão sobre o que sentem um pelo outro e sobre tudo o que possa levar a uma melhoria da relação, para que esse aspecto não se torne limitador e perturbador. Sofrer de ciúme é ter reações complexa envolve um largo conjunto de emoções, pensamentos, reações físicas e comportamentos;

Emoções - dor, raiva, tristeza, inveja, medo, depressão e humilhação. Pensamentos - ressentimento culpa comparação com o rival, preocupação com a imagem, autocomiseração. Reações físicas - taquicardia falta de ar, excesso de salivação ou boca seca, sudorese, aperto no peito, dores físicas. Comportamentos - questionamento constante busca frenética de confirmações e ações agressivas, mesmo violentas.

Entre as definições, quero destacar o “ciúme patológico” presente em muitos relacionamentos, é visto pela psiquiatria como uma espécie de paranóia (distúrbio mental caracterizado por delírios de perseguição e pelo temor imaginário de a pessoa estar sendo vítima de conspiração). Paranoia se refere a um sentimento de desconfiança persistente, excessivo e mal fundamentado. A classificação internacional de doenças da OMS (CID-10) pode ser um dos sintomas de um dos seguintes transtornos psicológicos: “Transtorno de personalidade paranóide” - caso a desconfiança, distanciamento e sensibilidade a críticas tenha início na infância e persista até a idade adulta. Nesse tipo de paranoia, a pessoa está convencida, sem motivo justo ou evidente, da infidelidade do parceiro e passa a procurar “evidências” da traição. 

Nas formas mais exacerbadas, o ciumento passa a exigir do outro coisas que limitam a liberdade deste. Algumas teorias consideram que os casos mais graves podem ser curados através da psicoterapia que passa por um reforço da auto-estima e da valorização desta.

Para o ciumento, a fronteira entre imaginação, fantasia, crença e certeza se torna vaga e imprecisa, as dúvidas podem se transformar em ideias supervalorizadas ou delirantes. Quem sente ciúme a esse nível tem a compulsão de verificar constantemente as suas dúvidas, a ponto de se dedicar exclusivamente a invadir a privacidade e tolher a liberdade do parceiro: abre correspondências, bisbilhota o computador, ouve telefonemas, examina bolsos, chega a seguir o parceiro ou contrata alguém para fazê-lo. Toda essa tentativa de aliviar sentimentos, além de reconhecidamente ridícula até pelo próprio ciumento, não ameniza o mal estar da dúvida, até o intensifica.   

A pessoa ciumenta apresenta na sua personalidade um traço marcante de timidez e sentimentos de insegurança, problemas que costumam ter raízes na infância. Nesse caso, o tratamento passa por aplicação de técnicas de psicoterapia para melhorar a confiança do paciente em si mesmo. O processo deve envolver sua família, pois o apoio no lar é imprescindível nesses casos. Reduzido o sentimento de insegurança, é esperado que diminuísse a aflição do ciúme. Só quem confia em si mesmo pode confiar em outros, de modo que parece lógico começar o tratamento pelo fortalecimento da autoconfiança. Não menos importante é atacar os sintomas físicos que o ciúme patológico provoca. 

O desequilíbrio no sistema nervoso aumenta o nível de adrenalina, interfere na dinâmica dos neurotransmissores e está na origem de muitas doenças psicossomáticas é fundamental apurar as causas desses sintomas e gastar a energia negativa em atividades como os exercícios físicos, trabalho que traga gratificação, procurar se alimentar das boas lembranças e olhar bem o presente a todo instante coisas boas nos acontecem.

não suspeita mal” (1 Coríntios 13:5) O amor (do latim amor) presta-se a múltiplos significados na língua portuguesa. Pode significar afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. Não desejo repetir a lista das diversas definições no que tange a palavra “amor”, acredito que o amor é amor, e ele respeita e age de acordo com o bom senso, diferencia colocando cada sentimento no seu devido lugar.     

Porque os ciúmes enfurecerão o marido”. (Provérbios 6:34) Como diz o reverendo Caio “CIÚME: A BESTA DO AMOR”.  Este sentimento tem causado rupturas drásticas em muitos relacionamentos. Sentimento este de ambos os lados tem o mesmo efeito que desencadeia outros por si só. Em certo momento ocorre a somatização que é geralmente é considerado resultado como resposta a um extremo sofrimento psicológico, se refere a uma ou várias queixas físicas, que uma investigação adequada não revele existência de patologia orgânica ou mecanismo patofisiológico que expliquem a intensidade da queixa física.

A fúria de um ciumento é devastador não quem suporte por mais que ame, embora creio que esse tipo não se identifica com o amor; vejamos o que diz o Ap. João; “No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor”. (1 João 4:18) 

Quando o verdadeiro é derramado por Deus, o medo se dissipa, o caminho do evangelho aperfeiçoa o ser humano diariamente, Deus em nós somos feitos semelhança da sua compaixão. Nele nem o marido nem a esposa se enfurece, todos são transformados, pacificados em amor, ternura e compreensão mútua.  

Em outro texto CONJUGALIDADE VIVENCIAL (Fatores Relevantes) falo sobre sinergia que leva a fusão de corpos, a ser uma só carne, é necessário abrir mão o suficiente para que haja unidade. Não perder a individualidade, mas se alinhar a pessoa amada num plano maior. Em Amor tudo se explica se entende e se resolve com sensibilidade e ternura, a conjugalidade se torna plena quando o Amor passa a reger tudo e em todo tempo, seja na saúde, doença, riqueza ou pobreza.  

No Amor nada disso altera a relação conjugal, tudo é sentido juntos alegrias e tristezas são compartilhadas como se fosse de fato um só corpo. A fusão de corpos numa só carne não começa no altar, inicia-se na construção do namoro, essa liga não deixara abertura para qualquer sentimento destrutivo.

Não se submeta às cobranças de ciúmes loucos feitas em nome de amores que odeiem aos amem você ou que detestem aos que você ame com amor sadio e verdadeiro! Sim; pois aceitar que assim seja é abraçar doenças como se virtudes fossem. Eu jamais me submeti e nem me submeterei a essa baixaria menor do que animal; pois, se amo, também amo a todos aqueles que amam aos que amam; assim como não aceito que aqueles que digam me amar demandem que meu amor se encolha para mais amores nesta vida. (C. F) Aquele que ama o Pai, também ama a todo aquele que Dele é nascido; ou seja: a todo outro a quem Ele chame filho e a Ele chame de Pai! (Ap. João)

Somente o encontro do caminho, no processo da nova criatura, desenvolvendo diariamente no evangelho, sendo transformando por este entendimento, em novidade de vida, de glória em glória, cientes que constrangidos por essa graça nada nos separa dele. O evangelho nos direciona ao bem estar, pelos princípios pautados no amor. O evangelho nos faz progredir segundo nossa percepção nele. 

Nele por ele somos curados, libertos, reformatados segundo sua vontade para louvor diante dele, no louvor diário da vida. Nele todo relacionamento dá certo, todo casamento se endireita, a vida acontece, a felicidade brota através dele.  

Nele, em Quem somos todos filhos adotivos do Único Unigênito do Pai não sente ciúmes de nós, antes por nós se deu.

Dele seria nosso também, sendo Ele nosso irmão mais velho e nós seus co-herdeiros, eu que a cada dia sou menos e mais dele.

Cezar Camargo
Verão - Janeiro/2014

Comentários

Unknown disse…
Muito boa e edificante essa palavra. Deus te abençoe grandemente.
Eu entrei pelo link na UBE.
Paz em Cristo!

Se não conhece meu blog, entre lá??

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Amém!, obrigado pela visita, muito bom seu blog, que Deus em sua graça continue confirmando seu caminho.

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