Podemos definir o
arrependimento da seguinte maneira:
Arrependimento é a
tristeza de coração pelo pecado, a renúncia ao pecado e o compromisso sincero
de abandoná-lo e de andar em obediência a Cristo.
Essa definição indica que
o arrependimento é algo que pode ocorrer em determinado ponto do tempo e não é
equivalente à demonstração de mudança no padrão de vida de uma pessoa.
Semelhantemente à fé, o arrependimento é o entendimento intelectual (de que o
pecado está errado), a aprovação emocional dos ensinos da Escritura com
respeito ao pecado (tristeza pelo pecado e o ódio dele) e a decisão pessoal de
abandoná-lo (a renúncia ao pecado e decisão voluntária de deixá-lo e, em vez
disso, de levar uma vida de obediência a Cristo). Não podemos dizer que alguém
já vive realmente esse tipo de vida mudada antes de arrepender-se genuinamente,
nem podemos dizer que o arrependimento se torna uma espécie de obediência que
prestamos para merecer a própria salvação. Obviamente, o genuíno arrependimento
resultará na vida mudada. De fato, a pessoa verdadeiramente arrependida
começará a viver uma vida transformada, e podemos chamar essa vida transformada
fruto do arrependimento. Mas nunca devemos exigir que haja um período de tempo
em que uma pessoa realmente viva uma vida mudada antes que possamos lhe dar a
certeza do perdão.
O arrependimento é algo
que ocorre no coração e envolve a totalidade da pessoa na decisão de abandonar
o pecado.
E importante perceber que
a mera tristeza que advém das ações de uma pessoa, ou mesmo o remorso profundo
por causa dessas ações, não constitui o genuíno arrependimento a menos que ele
seja acompanhado da decisão sincera de abandonar o pecado que está sendo
cometido contra Deus. O arrependimento genuíno envolve a profunda convicção de
que a pior coisa a respeito de pecado é que ele ofende o Deus santo. Paulo
pregava a respeito da conversão “a Deus com arrependimento e fé em nosso Senhor
Jesus” (At 20.21). Ele diz aos coríntios: “Agora, porém, me alegro, não porque
vocês foram entristecidos, mas porque a tristeza os levou ao arrependimento.
Pois vocês se entristeceram como Deus desejava, e de forma alguma foram
prejudicados por nossa causa. A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas
sim um arrependimento que leva à salvação, e a tristeza segundo o mundo produzem
morte”. (2.Co 7.9,10). Uma espécie de tristeza mundana pode envolver pesar da
pessoa por suas ações e provavelmente também o temor de punição, mas não é a renúncia genuína do
pecado ou o compromisso de abandoná-lo. Hebreus 12.17 nos diz que Esaú chorou
por causa das conseqüências das suas ações, mas não se arrependeu
verdadeiramente.
Além disso, como
2Coríntios 7.9,10 indica, mesmo a tristeza verdadeira e piedosa é apenas um
fator que conduz ao arrependimento genuíno, mas tal tristeza não é em si mesma
a decisão sincera do coração na presença de Deus que torna autêntico o
arrependimento.
A Escritura coloca o
arrependimento e a fé juntos, como aspectos diferentes
do mesmo ato de ir a Cristo para ser salvo. O que acontece não é que a pessoa
primeiro se volta do pecado e em seguida confia em Cristo, ou primeiro confia
em Cristo e a seguir se volta do pecado, mas que ambas as coisas ocorrem ao
mesmo tempo. Quando nos voltamos para Cristo a fim de receber salvação de
nossos pecados, estamos simultaneamente nos apartando dos pecados dos quais
pedimos a Deus que nos salve. Se isso não fosse verdade, o abandono do pecado
para voltar-nos para Cristo para sermos salvos dificilmente poderia ser a
conversão genuína a ele ou confiança nele.
O fato de que o arrependimento
e a fé são simplesmente dois lados diferentes da mesma moeda, ou dois aspectos
diferentes do mesmo evento da conversão, pode ser visto na figura abaixo:
Nesse diagrama, a pessoa
que se volta genuinamente para Cristo para a salvação deve ao mesmo tempo ser
liberta do pecado ao qual está presa a fim de voltar-se para Cristo. Assim, nem
o arrependimento nem a fé vêm primeiro; eles devem vir juntos.
John Murray fala de ”fé
penitente” e de “arrependimento confiante”.
Amados em Cristo, duas verdades
que não devemos esquecer jamais, são características daquele que foi salvo. Que
a Graça daquele que nos amou primeiro nos fortaleça dia a dia.
Tenham todos uma excelente
semana em Cristo.
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