Muitas
pessoas compreendem como cristãos aqueles que seguem algum padrão moral
rigoroso.
De fato, muitos evangélicos parecem ter o que dizer apenas quando o assunto
envolve sexualidade, bebida alcoolica ou drogas (são contra, claro!).
Poucos
se arriscam pensar por conta própria.
Facilmente caímos na tentação de apenas
repetir os chavões de algum líder mais eloquente. Nos tornamos, assim, um povo
legalista e sem proposta. Se tirarmos essa 'meia dúzia' de assuntos
polêmicos acabaremos sem nenhum cavalo de batalha para legitimar a nossa
existência.
Política
só entrou no debate cristão esse ano por causa da ameaça envolvendo 'a moral e
os bons costumes' (quase tudo relacionado à sexualidade).
Quando, na
verdade, não precisamos fazer dessas coisas uma discussão religiosa.
Promiscuidade, encher a cara, fumar, usar outros tipos de drogas é mais burrice
do que uma questão de fé. Não precisa ser cristão para perceber o que prejudica
a si mesmo, o que faz mal à saúde, o que é expressão de carência afetiva, basta
um mínimo de inteligência (Gálatas 6. 7).
Quem
acredita que ser cristão é estar numa eterna luta entre os 'do contra' e os 'a
favor' ainda não compreendeu nada.
E, quem acha que o Evangelho (boa nova) é
sair da casa do pai (Lucas 15. 11) para se esbaldar à revelia, entendeu menos
ainda.
Um
dos grandes problemas dos cristãos é que ainda não compreendemos bem a
centralidade do Evangelho.
Ignoramos o que significou a vinda, morte e
ressurreição de Jesus Cristo. Assim, vivemos com uma idéia vaga do que
acreditamos ser o reino de Deus. Muitos se cansam de esperar e 'chutam o
balde'. Quando na verdade, o que menos deveriam fazer é esperar. O problema é
que o que nos falta nem é fé, compromisso, devoção, etc... Falta
coragem.
Falta
ousadia para assumirmos de fato o Evangelho.
Assim, seguimos
em nossas leituras seletivas da Bíblia. Colhemos aquilo que nos convém. Nos
omitimos de um estudo sistemático mais
sério e profundo. Na verdade, queremos o light, o consumismo burguês, as
benesses da mesa do rei (Daniel 1. 5-8), chafurdar na lavagem dos porcos...
Esquecemos aquela ilustração básica da folha seca (que o vento leva para onde
quer) ou do peixe morto (que se deixa levar pela correnteza). Sem coragem para
assumir o Evangelho ou deixar de vez a religião vinculada, criamos a nossa
própria versão self service.
É
claro! Sim, o pai deixou partir o filho mais moço (Lucas 15. 12).
Nenhuma religião
deveria conduzir seus fiéis pelo cabresto (mesmo que muitos fiéis assim o
queiram!). O objetivo dos dons e do serviço cristão é, entre outras coisas,
"que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus,
e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O
propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro
pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela
astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro" (Efésios 4. 13,
14).
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