Quantos relacionamentos terminam não com um grande estrondo, mas com um silêncio ensurdecedor? É aquela sensação desconcertante de que, de repente, uma das pessoas simplesmente "despertou" de um sono profundo e decidiu ir embora. O que leva um parceiro a partir, a fazer as malas físicas e emocionais, se até pouco tempo atrás o casal parecia apaixonado, cheio de vida e desenhando planos para um futuro compartilhado? Essa pergunta assombra consultórios e mesas de jantar. Frequentemente, procuramos culpados. Apontamos o dedo para a traição, para o desleixo ou para a "falta de amor". No entanto, a resposta para a sobrevivência — e a prosperidade real — do amor reside em uma competência muito mais sutil e profunda: a capacidade de transitar, com fluidez, entre dois mundos aparentemente opostos: a autonomia radical do "Eu" e a conexão visceral do "Nós". Quando esse equilíbrio se perde, escorregamos para o terreno perigoso da assincronia, onde o amor s...
Uma Análise à Luz da Neurociência e da Psicologia Complexa A mente humana é um sistema dinâmico, integrado e em constante adaptação ao ambiente interno e externo. Entre seus modos de operação, dois padrões cognitivo-emocionais se destacam por sua frequência e impacto na qualidade de vida: a praticidade mental e a ruminação mental. Enquanto a primeira representa uma atitude funcional, orientada para a resolução de problemas e a flexibilidade psíquica, a segunda envolve um ciclo repetitivo, autoperpetuado de pensamentos negativos, frequentemente associado a transtornos como depressão e ansiedade. Compreender esses dois modos de funcionamento — não como polos opostos fixos, mas como configurações dinâmicas de um sistema complexo — exige uma abordagem interdisciplinar que una evidências neurocientíficas com modelos teóricos sofisticados, como os propostos pela psicologia analítica (junguiana) e pela psicologia complexa. 1. A Ruminação Mental: Um Ciclo Neurocognitivo Autoperpetuado A r...