Ora, se eu,
Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos
outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu
senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. (João 13:14-16)
Lava-pés é um
rito religioso observado por diversas denominações cristãs e é baseado no
relato de João 13:1-17, que menciona Jesus realizando-o durante a Última Ceia.
A cerimônia é realizada na Quinta-Feira Santa da Semana Santa. A origem da
prática pode estar nos costumes referentes à hospitalidade das civilizações
antigas, especialmente naquelas onde a sandália (um calçado aberto) era o
principal tipo de calçado. O anfitrião, ao receber um hóspede, providencia uma
vasilha com água e um servo para lavar-lhe os pés. Este costume aparece em
diversos pontos do Antigo Testamento (veja, por exemplo, Gênesis 18:4, Gênesis
19:2, Gênesis 24:32, Gênesis 43:24 e I Samuel 25:41, entre outros), e também em
outros documentos históricos e religiosos. No trecho em I Samuel aparece pela
primeira vez o ato de alguém realizar a lavagem como prova de humildade.
Então, Jesus
simplesmente fez um ato de serviço para os discípulos como tinha sido praticado
durante muito tempo. Em João 13, Jesus lavou os pés porque estavam sujos. Eles
já haviam se purificado; faltou somente lavar os pés (João 13:10; 11:55). Ele
realizaria um ato de serviço necessário e, ao mesmo tempo, ensinaria uma lição
importante sobre a humildade (Lucas 22:24-30). No ensino Jesus não mandou que
eles lavassem os pés como um ato público de louvor. E sobre a lavagem de pés
como serviço religioso na reunião
pública da igreja? Não é difícil
achar provas que a Ceia do Senhor, por exemplo, faz parte do louvor público,
pois Paulo mostra que foi realizada quando eles se reuniam no mesmo lugar (1
Coríntios 11:20). Mas onde diz que os cristãos lavaram pés quando se reuniam na
igreja? A única vez que a lavagem de pés é mencionada no Novo Testamento,
depois do estabelecimento da igreja, é em 1 Timóteo 5:10.
As coisas
citadas aqui são deveres de casa ou coisas praticadas nas reuniões públicas da
igreja? Lavar os pés dos santos se encontra na mesma categoria de criar filhos,
exercitar hospitalidade e socorrer aos atribulados. Paulo quer dizer que criar
filhos é um serviço público a ser realizado na igreja? Quer dizer que a
hospitalidade e o socorro aos afligidos devem ser praticados nas reuniões de
adoração na igreja? Esses eram deveres para serem cumpridos em casa, e a
lavagem de pés está na mesma categoria com eles. Então concluímos que é um
dever de casa, não um ato a ser realizado no culto público. Não há nenhuma
passagem que diz que devamos praticar a lavagem de pés no culto público da
igreja. “Essas boas obras não são atos de louvor público a serem feitos na
reunião pública”. Entenda que Paulo fala sobre a lavagem de pés como uma boa
obra semelhante à criação de filhos, a hospitalidade e o socorro aos afligidos.
“Sim, devemos
"lavar os pés um ao outro" como um ato de serviço, hospitalidade ou
humildade se a circunstância exigir tal prática, mas não como ato de louvor
público”.
Que Deus em sua
graça nos mantenha humilde, humildade que vem do latim humilitas, e é a virtude
que consiste em conhecer as suas próprias limitações e fraquezas e agir de
acordo com essa consciência. A Humildade é considerada pela maioria das pessoas
como a virtude que dá o sentimento exato do nosso bom senso ao nos avaliarmos
em relação às outras pessoas. Características como cordialidade, respeito,
simplicidade e honestidade, embora sejam frequentemente associadas à humildade,
são independentes. Portanto, quem as possui não precisa necessariamente ser
humilde, todavia é com a modéstia, sendo esta o sentimento de velar-se quanto
às qualidades intelectuais e morais (em oposição a um exibicionismo vaidoso).
Se você é
orgulhoso demais para lavar os pés dos discípulos de Cristo, você é orgulhoso
demais para ser um servo um discípulo de Jesus Cristo. O evangelho nos disciplina,
admoesta nos contra nosso narcisismo. Somente um quebrantar diário nos mantém
vivificado segundo seu Espírito de temor no qual é em nós desenvolvido nossa
estatura até o dia do varão perfeito.
Cezar Camargo
Inverno – Junho/2016
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